23 de ago. de 2011

S. BARTOLOMEU - 24 de Agosto


Hoje parece que está fora de dúvida que é um só personagem o Natanael de S. João e o Bartolomeu dos sinópticos. A encantadora cena é-nos contada assim pelo quarto evangelho: «Ao outro dia, querendo Jesus sair da Galileia, encontrou Filipe e disse-lhe: «Se­gue-me». Era Filipe de Betsaida, a cidade de André e de Pedro. Encontrou Filipe a Natanel e disse-lhe: «encontrámos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e nos Profetas, Jesus, filho de José de Nazaré». Disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode sair algo de bom?». Disse-lhe Filipe: «Vem e verás». Viu Jesus a Natanael que vinha em direcção a Ele e disse-lhe: «Eis aqui um verdadeiro israelita em quem não há engano!». Disse-lhe Natanael: «Donde me conheces?». Disse-lhe Jesus: «Antes que Filipe te chamasse, quando estavas debaixo da figueira, eu vi-te». Natanael replicou-lhe: «Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel». Respondeu-lhe Jesus e disse: «Porque te disse que te vi debaixo da figueira crês? Verás coisas maiores». E acrescentou: «Em verdade, em verdade te digo, que vereis os céus abertos e os anjos de Deus subindo e descendo so­bre o Filho do homem» (Jo 1,43-51).


A boa e sincera amizade conhece-se pela alegria que se sente quando o amigo recebe graça ou favor. A seguir comunica-se aos amigos. A amizade que reinava entre Filipe e Natanael era muito grande. Por isso quando Filipe descobriu quem é o Mestre, vai a correr a tornar participante desta felicidade o seu bom amigo Natanael. Nos dois amigos se conhecem os dois estados de espírito: o crente e o incrédulo. Filipe viu, convenceu-se, e acreditou. Natanael não se deixa embarcar facilmente. É difícil de convencer. Suspeita que talvez sejam fervores mal digeridos os do seu amigo Filipe e por isso acautela-se. Antes de crer, deve ver. E assim fez: viu, convenceu-se de quanto lhe dizia o amigo, e também acreditou. E não só acreditou, mas até se converteu em zeloso apóstolo d'Aquele em quem acabava de crer e por Ele derramará o seu sangue do modo mais cruel.

Bartolomeu é patronímico de Tholomai, «filho de». Provém do aramaico mediante o grego. Já aparece no Antigo Testamento. Além do que já narramos de Natanael, que agora todos identificam com Bartolomeu, nada mais conhecemos dele além do nome que os sinópticos referem.
Natanael quer dizer «dom de Deus» e verdadeiramente o foi este santo apóstolo.


Como Natanael é escolhido no princípio do apostolado do Mestre, cuja história e doutrina vive, desde o princípio até à cruz e ainda depois. Bartolomeu leva a mesma vida do Mestre: «As raposas têm as suas covas e os pássaros os seus ninhos, mas o filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça». Bartolomeu seria mal visto e até caluniado pelos seus correligionários por seguir o Nazareno: Mas a ele isso pouco lhe importava. O que lhe interessava, uma vez descoberto aquele tesouro, era não o perder por nada deste mundo.



Também na Paixão foi cobarde. Depois arrependeu-se, e, chegado o Pentecostes... partiu cheio do Espírito Santo, a pregar a mensagem de Jesus por todo o mundo. Onde? - Talvez à Frígia, à Pérsia, à Etiópia, à Síria, à Arábia ... A tradição sempre o pintou esfolado vivo por amor ao seu Mestre. Assim o pintou Miguel Ângelo no seu juízo final da Capela Sixtina e assim está, numa grandiosa estátua, na Basílica de S. João de Latrão.

S. Bartolomeu pode ser padroeiro e modelo dos que duvidam hoje são tantos, infelizmente - mas que depois se convertem e vivem a fé com uma generosa entrega.


                              (do Livro “Os Santos do Mês”, da Editorial Missões de Cucujães)

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