Nasceu Edith Stein em 1891 em Breslau, Alemanha, hoje chamada Wroclaw e pertencente à Polónia. Era filha de uma família judia que seguia com fidelidade as regras do Talmud. Órfã de pai, frequentava com a mãe a sinagoga. Cedo notou a mãe que ela só fazia isso para lhe agradar. Efectivamente, Edith já se confessa ateia aos 21 anos de idade.
Desde muito jovem, teve uma grande preocupação pela verdade. «Ao que mente uma vez, jamais se crê nele, mesmo que diga a verdade», disse-lhe uma vez sua irmã Erna. Eram ainda meninas as duas, mas nunca mais esqueceu. «O meu anseio de verdade era a minha única oração», dirá mais tarde Edith, sempre sedenta de verdade.
Estuda filosofia em Breslau, que bem depressa se torna peque¬na para ela. Um dia ouviu falar das novas teorias de Husserl, pai da fenomenologia. Procurou-o em Góttingrn, onde Husserl era professor, e tornou-se a sua discípula predilecta. Com ele fez a sua tese de doutoramento, e com ele partiu, a já doutora Stein, para Friburgo, como Professora Assistente de Cátedra
Edith procurava a verdade, mas a fenomenologia não satisfazia a sua sede de verdade, não respondia às questões últimas do sentido da vida. Intuía e ansiava por uma Verdade superior, sem saber ainda que existia.
Deu alguns passos prévios antes de encontrá-la. Umas conferências sobre temas religiosos que ouviu de Max Scheler. Ver rezar uma família católica que a acolheu numa excursão. A esperança que viu na viúva de Reinach, professor amigo de Husserl... «foi para mim a primeira descoberta de Cristo no mistério da Cruz».
E logo a seguir o passo definitivo. Um casal amigo convida-a para sua casa. Passa a noite inteira a ler a Autobiografia de Santa Teresa de Jesus. «Ao fechar o livro, disse para comigo: isto é a verdade!» A fenomenóloga Stein tinha descoberto, nos fenómenos da alma de Santa Teresa, a pegada de Deus, Suprema Verdade. Deus cativou-a e jamais se separará d'Ele.
Tudo o mais se desenvolveu rapidamente. O difícil trago amargo era comunicá-lo à mãe. O baptismo, aos 30 anos, com o nome de Teresa. A primeira comunhão, a confirmação, a formação litúrgica na abadia de Beuron...
De todas as partes lhe pedem conferências sobre temas religiosos, com grandes frutos. Estuda Santo Tomás de Aquino. Contactos com Heidegger e Przywara. Visita Husserl, que acompanhou com respeito seus passos. Continua professora.
Impressionava a sua vida interior. «Pela manhã, dizia, o melhor é tomar as rédeas e gritar: depressa! As minhas primeiras horas pertencem ao Senhor!». Para se animar e evitar o nervosismo toma este lema: «A minha vida começa todas as manhãs e termina todas as noites».
Havia já doze anos que ia amadurecendo a ideia de ser carmelita. Finalmente, aos 42 anos, entra no Carmelo de Colónia, com o nome de Teresa Benedita da Cruz. Entrega-se totalmente. Descobre e assimila a doutrina de S. João da Cruz. Escreve o seu belo tratado, A Ciência da Cruz.
Perante a perseguição nazi contra os judeus, parte para o Carmelo de Echt, na Holanda. A 2 de Maio de 1942 a Gestapo vai buscá-Ia. Dois dias depois é trasladada para a Polónia, com sua irmã Rosa, também convertida ao catolicismo. A Cruz Vermelha holandesa publica uma nota: «Edith Stein, nascida em Breslau, foi assassinada a 9 de Agosto de 1942 em Auschwitz, com gás».
«Abraço a Cruz, tinha escrito, com todo o meu coração. Com Jesus percorrerei a Via-Sacra até ao Calvário. Depois gozarei da Luz da Glória». João Paulo II beatificou-a em 1 de Maio de 1987 e canonizou-a a 11 de Outubro de 1998.
(do Livro "Os Santos do Mês", da editorial Missões, de Cucujães)
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