5 de ago. de 2011

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR - 6 de Agosto


A festa da “Transfiguração do Senhor” acontece no mundo cristão desde o século V. Ela nos convida a dirigir o olhar para o rosto do Filho de Deus, como o fizeram os apóstolos Pedro, Tiago e João, que viram a Sua transfiguração no alto do monte Tabor, localizado no coração da Galiléia.

Mateus, Marcos e Lucas narram-nos, com diferença de alguns ligeiros pormenores, o acontecimento da Transfiguração. Jesus tinha falado aos discípulos da sua iminente paixão e morte. E para que não vacilassem na fé, convida três deles, Pedro, Tiago e João, a subirem com Ele ao Monte Tabor, precisamente os três que veriam a sua agonia no Getsémani.
No Tabor mostrou-lhes o Senhor a sua glória e esplendor, ao mesmo tempo que Moisés e Elias apareciam a falar com Ele. Ali se transfigurou diante deles. O seu rosto brilhava como o sol, e os seus vestidos tornaram-se de uma brancura deslumbrante, de tal modo que nenhuma lavadeira do mundo os tornaria mais brancos, conforme relata o Evangelista S. Marcos.
Então interveio Pedro e disse a Jesus: Senhor, que bom é estarmos aqui! Se quiseres vamos fazer três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias. Mas aquilo não era mais do que um breve episódio. Formou-se uma nuvem que os cobriu, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho muito amado em quem ponho todas as minhas atenções. Escutai-O.
Esta voz os confortaria no momento da provação. Jamais a poderiam esquecer. Sobretudo Pedro, que escreverá mais tarde: Esta voz vinda do céu, nós a ouve, quando estávamos com Ele na montanha sagrada.

A voz do Pai é provocadora. Se Jesus é o Amado em quem o Pai tem postas todas as suas complacências, quer dizer que se comprazerá em nós, na medida em que nos parecermos com Jesus, na medida em que O imitarmos reproduzindo os seus gestos e palavras.
O Pai apenas se comprazerá em nós, se escutarmos Jesus, que é a sua Palavra, pois, como diz a Carta aos Hebreus, em muitas ocasiões e de muitas maneiras falou Deus a nossos pais nos tempos dos profetas, mas agora, nesta etapa final, falou-nos pelo Filho, que constituiu herdeiro de tudo, Ele que é o reflexo da sua glória.


S. João da Cruz comenta acertadamente estas palavras: como o Pai nos deu o seu Filho - que é uma Palavra sua, e não tem outra - disse-nos tudo, de uma só vez, nesta Palavra e não tem mais nada a dizer-nos. Que Deus ficou como que mudo, porque o que antes dissera por etapas aos profetas, agora disse tudo n'Ele, dan­do-nos tudo o que tinha a dar-nos em Jesus. Seria pois uma desconsideração continuar a pedir a Deus novas revelações, uma vez que já nos revelou tudo em Jesus, seu Filho: Este é o meu Filho amado, no qual pus todas as minhas complacências. Escutai-O.

Alguns Santos Padres aduzem uma curiosa interpretação da Transfiguração. Jesus, dizem, estava sempre transfigurado, a sua divindade irradiava sempre através da natureza humana, o seu rosto estava sempre resplandecente - é o halo luminoso que emana das almas mais santas - mas os discípulos, enredados em problemas de precedências, distraídos com pequenas coisas, misturados com as multidões, não podiam vislumbrar o brilho do rosto de Jesus.
Bastou que deixassem a espessura do vale, que subissem à montanha, que pusessem de parte as suas minúsculas preocupações, que purificassem os olhos, que olhassem mais atentamente, sem obstáculos, o rosto de Jesus, para que descobrissem o brilho do seu olhar, o rosto sempre radiante de Jesus.
                            
                                    (Do livro "Os Santos do Mês - da Editorial Missões-Cucujães)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário