- «Onde vais, pai, sem o teu filho? Onde vais, sacerdote, sem o teu diácono?»
- «Meu filho, respondeu o Pontífice, não penses que te abandono. Maiores são os combates que te esperam. Não chores; a separação será apenas de três dias».
Este fiel servidor e diácono era S. Lourenço, que tinha nascido em Huesca e agora fazia parte dos sete diáconos que a Igreja de Roma tinha escolhido entre os nobres da cidade cristã para os encarregar da assistência aos pobres. Lourenço era a pessoa de confiança do Papa Sixto e aquele que maior influência tinha na cristandade, depois dele.
S. Lourenço é, sem dúvida, um dos mártires mais famosos da antiguidade e um daqueles de quem se conhecem melhor os pormenores do seu martírio. É desconhecida a vida em muitos pormenores da sua juventude, mas em compensação conhecemos interessantes detalhes do seu martírio. Os historiadores e artistas legaram-nos páginas emocionantes dos seus últimos anos que são o remate de ouro daquela que terá sido a maravilhosa entrega da sua vida feita por amor a Jesus Cristo e à sua Igreja manifestada em seus irmãos, os cristãos.
A Espanha já tinha sido generosa no seu amor a Jesus Cristo, pois em várias partes da Península valentes cristãos tinham derramado o sangue confessando valentemente a fé. Agora tocaria a sorte a este espanhol, mas em solo romano. Como chegou a Roma Lourenço e como subiu a ponto de ser mais elevado e de maior confiança do Romano Pontífice? Aurélio Prudêncio, no seu cântico aos mártires, Peristephanon, As coroas, canta assim a vida simples e, por outro lado, sublime de Lourenço: «Era o primeiro dos sete homens que se reuniam junto do altar; distinto no grau levítico e mais nobre que os seus companheiros. Ele possuía as chaves dos bens sagrados; presidia ao arcano da classe celeste, e, governando como fiel guarda, dispensava as riquezas de Deus».
Chamavam-no simplesmente o «diácono do Papa».
A situação de Roma naqueles dias era caótica. S. Cipriano diz: «em Roma os prefeitos ocupam-se diariamente da perseguição, condenando à morte os que são conduzidos diante deles e apoderando-se dos seus bens.
Os pagãos pensavam que os cristãos eram muito ricos e só sonhavam apoderarem-se das suas riquezas. Tertuliano dizia com a sua habitual dureza: «O dinheiro que a vós, pagãos, divide, é para nós, cristãos, um laço de união. Como estamos unidos com toda a sinceridade da alma, não vacilamos em pôr as nossas bolsas à disposição de todos».
Poucas horas depois do martírio do seu bispo, S. Sixto, prenderam Lourenço, para verem se podiam tirar-lhe as supostas riquezas da Igreja. O Prefeito Cornélio Secularis disse-lhe: «Quero que me apresentes o que tu deverias dar-me espontaneamente. O povo, o fisco, pede as vossas riquezas, que são imensas, segundo consta». «Sim, somos imensamente ricos, responde Lourenço. Eu prometo entregar-te todo o Império. Vem amanhã e tê-lo-ás». Entretanto faz reunir todos os pobres, doentes, estropiados, etc... numa praça. Chama o Prefeito e diz-lhe: «Estes são os nossos tesouros. Toma-os». Enfurecido o Prefeito disse-lhe: «Pagarás esta afronta como mereces». E mandou que preparassem um forno a arder e que fosse assado nele, como um animal. E o valente confessor de Jesus Cristo disse-lhe «Já está assado de um lado; virai-me e comei».
Momentos antes do seu martírio tinha profetizado: «Vejo um Príncipe futuro que fechará os templos pagãos»... Um ano depois, era uma realidade a paz e a liberdade da Igreja. O sangue de Lourenço e de tantos outros mártires não tinha sido infecundo.
(do Livro "Os Santos do Mês" da Editorial Missões de Cucujães)
(do Livro "Os Santos do Mês" da Editorial Missões de Cucujães)
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