7 de dez. de 2010

IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA – 8 de Dezembro

A Imagem que vai no 1º dos 14 Andores da Seiscentista Procissão dos Terceiras (Cinzas), que sai no 2º Domingo da Quaresma e que faz parte das famosas Procissões Quaresmais de Ovar

   Sintetizar em poucas palavras muitos e profundos conceitos é privilégio singular dos poetas. Citemos a propósito o Hino das Vésperas desta Festa: "Rainha e Mãe, Virgem Pura, que pisais o sol e o céu, só a Vós não alcançou a triste herança de Adão. Como pode caber em Vós, Rainha de todos, se estais cheia de graça, uma parte da culpa original? Estais livre de toda a mancha: quem pôde imaginar que viria a faltar a graça onde a graça está? Se os filhos de seus pais assumem o direito em que eles estão, como pode ser cativa aquela que deu à luz a liberdade?"
   No dia 8 de Dezembro é dia grande para o Céu e para a terra. A Virgem Maria, que já tinha sido proclamada como Mãe de Deus e como Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, faltava-Lhe ainda que fosse engastada na sua coroa refulgente esta pérola preciosíssima da sua CONCEIÇÃO IMACULADA. Assim o defendiam durante séculos tantos e tão fervorosos santos e profundos teólogos. Mas nisto não havia uma total clareza, por causa do dogma da universalidade do pecado dos filhos de Adão, e sobretudo, da universalidade da salvação realizada por Jesus Cristo. Santos tão enamorados de Maria, como Santo Alberto Magno, S. Bernardo, S. Tomás de Aquino, recorriam a argumentos teológicos que afirmavam que, nem que fosse por breves instantes, ou de forma ininteligível para a mente humana, era necessário que a Virgem tivesse estado algum tempo sob o domínio da serpente infernal. Não o viu assim Duns Escoto, John Bacon e outros autores também famosos, que defendiam que havia duas espécies de redenção: uma que redime de alguma queda, e outra que preserva para impedir a queda. Desta segunda forma tinha sido redimida, isto é, de modo muito mais sublime, a Virgem Maria, porque estava designada para ser a Mãe do Redentor. Em vista disso, foi "preservada de toda a mancha de pecado antes de ser concebida no seio de sua mãe".
   Esta verdade veio a ser definida como dogma de fé, embora já há séculos fosse professada pela maior parte da cristandade, no dia 8 de Dezembro de 1854, pela bula "Ineffabilis Deus" do Papa Pio IX. Este mesmo Papa afirmou naquela ocasião:
   A Virgem foi toda pura, toda sem mancha e como o ideal de toda a pureza e formosura; mais formosa que a própria formosura, mais bela que a beleza, mais santa que a santidade, toda santa, puríssima no corpo e na alma, que superou toda a integridade e virgindade. "Na bula definiu:"A doutrina que afirma que a Virgem, no primeiro instante da sua conceição, foi preservada imune de toda a mancha de pecado original por uma singularíssima graça e privilégio da omnipotência divina e em atenção aos méritos do Redentor do género humano, é doutrina revelada e assim há-de ser acreditada pelos cristãos".
Cantavam os nossos clássicos: "Pôde, quis, portanto o fez". A "Ave Maria Puríssima" será o grito que brotará de todo o filho bem-nascido para com sua Mãe.
    Em Portugal, no dia 25 de Março de 1646, o Rei D. João IV declarou solenemente Nossa Senhora da Conceição padroeira de todos os Reinos e Senhorios, prometendo e jurando confessar e defender sempre (até dar a vida, se necessário) que a Virgem Maria Mãe de Deus foi concebida sem pecado original. Depois, em 1654, o mesmo Rei para que fosse mais notória a obrigação... de defender que a Virgem Senhora Nossa foi concebida sem pecado original, houve por bem resolver que em todas as portas e entradas das cidades, vilas e lugares... fosse colocada em pedra lavrada uma inscrição alusiva ao facto. Por isso, ainda hoje se canta com todo o fervor:
   "És a nossa Padroeira, não largues o padroado, do rebanho confiado ao teu poder protector".

                             (do Livro dos Santos do Mês, da Editorial Missões – Cucujães)




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