20 de dez. de 2010

7. A CONFIANÇA - de José António Merino


A relação estrutural deve conduzir a uma confiança nunca desmentida. Do interior de Francisco brota uma bondade originária; há sempre espaço no seu coração para tudo o que é mundano, humano e divino. Não há no seu pensamento nem no seu comportamento a mais leve atitude de suspeita, mas de confiança; nem preconceitos deformantes, mas comunicação directa; nem segundas intenções, mas credibilidade rendida; nem agressividade e pessimismo viscerais, mas amabilidade conatural e bondade partilhada. Com fina sensibilidade acolhe tudo e todos, não despreza nada nem ninguém. De ninguém suspeita mal, de nada foge. Ama entranhadamente os homens todos e os demais seres da criação. Arrebata-se de gozo ante uma flor, emociona-se frente a uma paisagem, canta com os pássaros e comove-se com as alegrias e as lágrimas dos homens. Sabia harmonizar de modo sublime a santidade e a poesia. E porque em todos depositava confiança, todos nele confiavam. Assim se humanizou o mundo e assim se naturalizou o homem.

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